quarta-feira, maio 16

Senhor da Floresta


Em entrevista que consta dos extras do DVD "Brasileirinho", Maria Bethânia disse que certa vez, durante a escolha do repertório do álbum de mesmo nome, pediu a Chico César que ele fizesse letra e música para uma belíssima lenda indígena que ela ouvira quando menina e que a deixara encantada.

Após ouvir a estória da boca de Bethânia, Chico César afirmou que já existia uma canção muito antiga falando sobre tal lenda. Uma canção belíssima e que deveria fazer parte do repertório do CD. E que não faria uma música nova, porque tal canção era insubstituível.

Ele não lembrava nem a letra, nem a melodia. A única pista é que ele ouvira tal canção durante uma seresta no sertão baiano. Depois de mais de um mês de muita pesquisa, sem sucesso, resolveram desistir e a canção quase ficou de fora de "Brasileirinho".

Foi então que Bethânia, em visita a Santo Amaro da Purificação, sua terra natal, comentou o assunto com sua mãe, Dona Canô. E não é que ela sabia a letra e a música? Composição datada de 1945 de René Bittencourt(1917-1979), carioca de Paquetá e que foi sucesso no mesmo ano na voz de Augusto Calheiros(1891-1956), cantor alagoano apelidado de "A patativa do Norte", pela sua voz afinadíssima e estilo peculiar de cantar, que o tornariam um dos cantores mais originais do seu tempo.

É a tal coisa. Muitas vezes procuramos sempre as coisas da maneira mais difícil e acabamos por complicar as coisas. Esquecemos que muitas vezes é tão mais fácil gritar: Manhê!

Salve a lucidez de Dona Canô! Senhor da Floresta é realmente belíssima e na interpretação de Bethânia, é soberba. Um presente para o meu e para o seu ouvido.

Ouça bem aqui!


Senhor da Floresta
Maria Bethânia
Composição: René Bittencourt

Senhor da floresta,
Um índio guerreiro da raça tupi
Vivia pescando, sentado na margem do rio chuí.
Seus olhos rasgados, no entanto,
Fitavam ao longe uma taba
Na qual habitava a filha formosa de um morubixaba.

Um dia encontraram Senhor da floresta no rio chuí
Crivado de flechas, de longe atiradas por outro tupi
E a filha formosa do morubixaba
Quando anoiteceu, correu,
Subindo a montanha, no fundo do abismo desapareceu.

Naquele momento, alguém viu no espaço, à luz do luar
Senhor da floresta de braços abertos, risonho a falar:

- Ó virgem guerreira, ó virgem mais pura que a luz da manhã,
iremos agora unir nossas almas aos pés de tupã.

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6 COMENTÁRIOS:

Blogger Râzi disse...

Menino, não conhecia essa música...

Pelo visto, vc é uma riqueza musical!!!
Hauahuahauhauahua!

Meu lindo, em que a mãe não nos ajuda? Mesmo quando elas não fazem nada, elas nos ajudam...

Beijão!

quarta-feira, maio 16, 2007 4:29:00 PM  
Blogger Monalisa disse...

Eu não conhecia esta história! Como você anda cultural ultimamente! Isto é bom... A voz de Maria Bethânia é linda demais! Aliás, toda Maria possui uma dádiva que não sei de onde sai.
Beijão!

quarta-feira, maio 16, 2007 6:51:00 PM  
Blogger Il Bastardo disse...

Já havia escutado esse comentário da Bethânia, e sim concordo contigo as vezes buscamos algo e está tão próximo, que não percebemos! Talvez por ser fácil de mais, é da natureza humana complicar...

quarta-feira, maio 16, 2007 8:54:00 PM  
Blogger David disse...

Essa música é mermo que um cafuné. Ô Bethânia danada. Passa lá em casa, galego, tem texto novo!

quinta-feira, maio 17, 2007 1:08:00 AM  
Blogger Dawson disse...

Ai que história linda Mantler...

Adoreeei o post!

Abração!

quinta-feira, maio 17, 2007 9:49:00 AM  
Anonymous Anônimo disse...

E não é que seu gosto musical tá melhorando?!
Há salvação!!!!
Hehehehe...

quinta-feira, maio 17, 2007 7:36:00 PM  

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