Uma amiga minha está arrasada. Roubaram uma comunidade sua no Orkut.
Ontem à noite recebi a visita dela e de mais alguns amigos aqui em casa. Vieram fazer uma visitinha ao amiguinho dodói. Depois do jantar, enquanto tomávamos algumas biritinhas, ela resolveu contar-nos a agressão sofrida.
Cara, fico aqui pensando comigo: Com tanta gente passando fome, tanta gente morrendo vítima da violência humana, com o preço do petróleo nas alturas e com todas as doenças que eu adquiri nos últimos meses, deve ser bem ruim ter uma comunidade roubada no Orkut. É quase como ficar órfão de pai e mãe.
Por isso essa minha amiga tem todo motivo de estar tão chateada. E resolveu fazer um apelo a todos os seus amigos que ajudem ela a denunciar ao site o roubo de sua comunidade. E criou uma comunidade intitulada "Devolva minha comunidade", ou algo do tipo. Sabe aquelas passeatas pela paz que o povo aqui da Zona Sul adora organizar, só para ter o que fazer nos domingos de manhã? É mais ou menos isso o que ela está fazendo, mas numa versão virtual.
Pode parecer bobagem(e é mesmo!) mas este assunto dominou durante quase meia hora. É incrível essa praga chamada Orkut. Por mais que você tente falar sobre outro assunto qualquer, alguém sempre acaba falando no orkut. Seja para falar sobre uma comunidade interessante, ou fofocar sobre os "scraps" que não deveriam ter sido expostos, ou outra fofoca qualquer. Saco!
Eu não tenho conta no Orkut, e quando digo isso sou tratado como uma pessoa sem vida social, como se me faltasse a identidade ou o cpf. Quase um ermitão um sujeito alternativo. Porque todo mundo tem um perfil no orkut, exceto os que deletaram devido à crises em seus relacionamentos embora seja fato que estes um dia voltarão. Volta e meia o Bernardo me chama para ver alguma coisa no Orkut. Fico impressionado como ele fica mais de uma hora lendo e respondendo recados, vendo foto dos outros e participando de comunidades como "Eu sou foda!" e "Me odeia? Entra na fila!".
Passei o dia de hoje sentado com o Bernardo em frente ao computador e acabei passando um bom tempo fuxicando a vida alheia no tal orkut. E aprendi que existem tribos e modismos inacreditáveis. Tem um bocado de pessoas que colocam "De Luto" no final do nome. E são tantos que parece que tem gente que espera algum conhecido morrer pra poder colocar.
De acordo com o Bê, nos primórdios do orkut, quem tinha mais scraps era o popular. Sentia-se um verdadeiro crítico de música ou cinema quem escrevesse, entre os seus preferidos, o máximo possível de bandas e filmes, de preferência desconhecidos. E quantas pessoas não imploravam um depoimento ou uma estrelinha de fã?
Agora a moda é apagar os scraps alegando privacidade, e com o argumento altamente criativo, como"Leio todos, Respondo alguns e Apago todos". Eu vi um que tinha o artigo da constituição que fala sobre o direito a privacidade! E vale também divulgar quando o álbum está com fotos novas colocando depois do nome "Álbum Atualizado." E tudo isso com altos caracteres diferentes.
O Orkut oficializa tudo! Namoro só é namoro de verdade se estiver atualizado no perfil. Tem que ter, no mínimo, três fotos do casal no álbum, um lindo depoimento, além de participar da comunidade "eu adoro minha namorada(o)"(como se alguém odiasse a sua ou seu). Quando as fotos e os depoimentos somem é fato: O romance acabou. Você vê que a briga está feia e a amizade acabou de vez quando é apagado o depoimento feito pelo ex-amigo e o perfil foi excluído da lista de amigos.
Patético!
Tenho mais o que fazer. O Orkut para mim não atrai minha atenção. Mas merece este post.
Marcadores: atualidades, Orkut, relacionamentos
